segunda-feira, 30 de maio de 2011

As roupas novas do filho pródigo (estudo nº 10)




Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado (Lc 15:32).

Leitura para o estudo desta semana: Gn 4:1-8; 25:25-34; Lc 15:4-32; Jo 11:9, 10; Rm 5:12-20

W. Somerset Maugham escreveu um conto chamado “Chuva”, sobre um missionário nos Mares do Sul que “converteu” uma prostituta ao evangelho. Lançou-se de coração e mente na busca de conquistá-la, embora às vezes seus métodos parecessem rudes e insensíveis. Na verdade, ele insistiu para que ela voltasse para os Estados Unidos (de onde ela estava fugindo), a fim de terminar a pena de prisão. Apesar de todos os seus apelos desesperados para que fosse poupada da tortura, degradação e humilhação que ali a aguardavam, o missionário insistia em que cumprir seu tempo na prisão era parte do processo de arrependimento pelo qual ela precisava passar. Por isso ela devia voltar.

A história terminou, porém, inesperadamente. O missionário se matou, e seu corpo mutilado, que havia sido impelido pelas águas, foi encontrado na praia.

O que havia acontecido? Aparentemente, ao passar tanto tempo com a prostituta, ele caiu em pecado com ela e, incapaz de perdoar a si mesmo, suicidou-se.

O que os personagens necessitavam era o que todos nós, como pecadores, necessitamos: uma experiência pessoal da graça e da certeza que Jesus revelou na parábola do filho pródigo. 

Domingo                      Os mesmos pais, o mesmo alimento


Certo homem tinha dois filhos” (Lc 15:11). Nessa parábola, os dois filhos, nascidos ao mesmo pai, representam dois traços de caráter. O filho mais velho aparentemente demonstrava lealdade, perseverança e diligência. O mais novo, sem dúvida, não tinha disposição para trabalhar, não queria ter responsabildades, e não queria assumir sua parte nas obrigações. Ambos eram da mesma herança. Ambos provavelmente tivessem recebido idêntico amor e igual dedicação do mesmo pai. Parecia que o filho mais velho era fiel, e o mais novo, desobediente. O que causou a diferença?

1. Que outras histórias isso traz à sua memória? 

1 Coabitou o homem com Eva, sua mulher. Esta concebeu e deu à luz a Caim; então, disse: Adquiri um varão com o auxílio do SENHOR.
2  Depois, deu à luz a Abel, seu irmão. Abel foi pastor de ovelhas, e Caim, lavrador.
3 Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR.
4  Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o SENHOR de Abel e de sua oferta;
5  ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante.
6 Então, lhe disse o SENHOR: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante?
7  Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.
8 Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando eles no campo, sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o matou. Gn 4:1-8; 

25  Saiu o primeiro, ruivo, todo revestido de pêlo; por isso, lhe chamaram Esaú.
26  Depois, nasceu o irmão; segurava com a mão o calcanhar de Esaú; por isso, lhe chamaram Jacó. Era Isaque de sessenta anos, quando Rebeca lhos deu à luz.
27  Cresceram os meninos. Esaú saiu perito caçador, homem do campo; Jacó, porém, homem pacato, habitava em tendas.
28  Isaque amava a Esaú, porque se saboreava de sua caça; Rebeca, porém, amava a Jacó.
29 Tinha Jacó feito um cozinhado, quando, esmorecido, veio do campo Esaú
30  e lhe disse: Peço-te que me deixes comer um pouco desse cozinhado vermelho, pois estou esmorecido. Daí chamar-se Edom.
31  Disse Jacó: Vende-me primeiro o teu direito de primogenitura.
32  Ele respondeu: Estou a ponto de morrer; de que me aproveitará o direito de primogenitura?
33  Então, disse Jacó: Jura-me primeiro. Ele jurou e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó.
34  Deu, pois, Jacó a Esaú pão e o cozinhado de lentilhas; ele comeu e bebeu, levantou-se e saiu. Assim, desprezou Esaú o seu direito de primogenitura. Gn 25:25-34

É um fenômeno estranho, visto o tempo todo, não é? Dois (ou mais) irmãos dos mesmos pais, que vivem no mesmo lar, que recebem os mesmos ensinamentos, o mesmo amor, e até o mesmo alimento. Um deles se torna religioso, fiel e determinado a servir ao Senhor, enquanto o outro, por alguma razão, vai na direção oposta. Por mais difícil que seja entender, isso nos mostra a realidade poderosa do livre-arbítrio. Alguns poderiam ver algo significativo no fato de que foi o mais novo dos dois irmãos que se rebelou, mas quem sabe a razão pela qual ele fez isso?

2. O que podemos aprender da reação do pai ao pedido do filho? O que isso nos diz sobre o modo de Deus Se relacionar conosco? 

o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres. Lc 15:12

O texto não diz que tipo de diálogo se seguiu entre o pai e o filho, ou se o pai o censurou, pedindo que reconsiderasse, que não fosse tão precipitado, e que refletisse bastante em suas ações. Muito provavelmente ele tivesse refletido, mas no fim, o filho recebeu “a parte dos bens” que era dele, e foi embora. Em toda a Bíblia, podemos ver esse mesmo princípio: Deus concede liberdade aos seres humanos, para que façam suas próprias escolhas, para seguir seu próprio caminho, e para viver como quiserem. Naturalmente, como sabemos tão bem, nossas escolhas trazem consequências, as quais nem sempre imaginamos ou prevemos.

Quais foram os resultados de algumas de suas próprias escolhas livres ultimamente? Não é tão fácil voltar ao passado, não é?





Abrindo as asas

Segunda                                       




Imagine o pai, observando seu corajoso filho colocar as coisas na mochila, preparando-se para deixar o lar. Talvez ele tenha perguntado ao filho aonde ele iria, em que trabalharia, quais eram seus sonhos para o futuro. Não sabemos quais foram as respostas do filho. É possível que não tenham sido animadoras, pelo menos para o pai. O filho, entretanto, muito provavelmente estivesse pronto para os bons tempos à frente.

Afinal, por que não? Ele era jovem, aventureiro, tinha dinheiro para gastar e um mundo para conhecer. A vida na fazenda da família aparentemente lhe era enfadonha e desagradável, em contraste com todas as possibilidades que o mundo lhe apresentava.

3. Que tipo de arrependimento ocorreu com o filho? Ele estava realmente arrependido, triste pelo que fez, ou estava infeliz somente pelas consequências do que fez? Que indícios poderiam nos dar a resposta? 

13  Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente.
14  Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade.
15  Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos.
16  Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada.
17  Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome!
18  Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti;
19  já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores.  Lc 15:13-19

É difícil saber como essa história terminaria se as coisas tivessem dado certo para o filho pródigo. Suponha que ele encontrasse formas de ganhar dinheiro e de fazer com que os bons tempos continuassem? Não é provável, pelo menos tendo em vista o texto, que ele voltasse “ajoelhado”, não é mesmo? Quantos, entre nós, às vezes, têm ficado realmente tristes, não tanto por causa dos pecados, mas pelas consequências, principalmente quando somos descobertos? Mesmo o pagão mais insensível se arrependerá do adultério se, em resultado, ele pegar herpes, gonorreia, ou alguma outra doença sexualmente transmissível. Não há nada de cristão na tristeza pela dor que vem de nossas escolhas erradas, não é mesmo?

O que dizer, então, sobre esse rapaz? Não há dúvida de que a situação terrível em que ele se encontrava tenha causado uma atitude diferente, que poderia não ter ocorrido sob outras circunstâncias. Mas, os pensamentos de seu coração, como revelados nos textos, demonstram um sentimento de verdadeira humildade e a compreensão de que ele havia pecado contra seu pai e contra Deus. O discurso que ele preparou em seu coração parecia mostrar a sinceridade de seu arrependimento.

Às vezes é preciso que más consequências de nossas ações nos despertem para a realidade de nossos pecados, não é? Ou seja, somente depois que nossas ações resultam em sofrimento é que verdadeiramente nos arrependemos dessas ações, e não apenas dos resultados. O que dizer de você e das situações que está enfrentando? Por que não decidir evitar o pecado e poupar a si mesmo de todo sofrimento e do arrependimento que (se espera) resultarão?  







Você pode voltar para casa

Terça                                      




No início do século XX, o romancista Thomas Wolfe escreveu um clássico literário, You Can’t Go Home Again [Você não Pode Voltar para Casa], sobre um homem que deixa sua família de origem humilde no sul, vai para Nova York, faz sucesso como escritor, e depois procura retornar às suas raízes. Não foi uma transição fácil; daí o título do livro.

4. Na história do filho pródigo, quem é que faz a longa viagem para buscar a reconciliação? Compare com a parábola da ovelha perdida e da moeda perdida. Qual é a diferença importante?

4  Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?
5  Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo.
6  E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida.
7  Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
8  Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la?
9  E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido.
10  Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende. Lc 15:4-10

Talvez nas duas outras parábolas, os objetos perdidos nem mesmo soubessem que estavam perdidos (no caso da moeda, certamente), e não poderiam voltar, mesmo que tentassem. No caso do filho pródigo, ele se afastou da “verdade”, por assim dizer, e somente depois que se encontrava nas trevas (Jo 11:9, 10 -  Respondeu Jesus: Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz.) percebeu quão perdido estava. Ao longo da história da salvação, Deus teve que lidar com os que, tendo luz, propositadamente se afastaram dessa luz e seguiram seu próprio caminho. A boa notícia dessa parábola é que, no caso dessas pessoas, mesmo as que viraram as costas para Deus, mesmo depois de ter conhecido Sua bondade e amor, o Senhor ainda estava disposto a restaurá-las à posição que tiveram antes, em Sua família da aliança. Porém, assim como o jovem escolheu sair de casa por sua própria livre vontade, ele teve que escolher voltar, por sua própria livre vontade. Conosco funciona da mesma forma.

O que é igualmente interessante sobre essas parábolas é o contexto em que foram ditas. Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles. Lucas 15:1-2. Observe as diferentes pessoas que estavam ouvindo o que Jesus dizia. Que mensagem poderosa deveria ser para nós o fato de que, em vez de apresentar advertências sobre eventos apocalípticos do tempo do fim ou sobre juízo e condenação sobre os impenitentes, Jesus falou por parábolas, mostrando o intenso amor e cuidado do Pai por todos os perdidos, independentemente do que os levou a essa condição.

Você conhece pessoas que se afastaram de Deus? Que esperança você pode tirar dessa história de que nem tudo está perdido? Qual é a importância da oração pelos que ainda não aprenderam a lição que o filho pródigo aprendeu de forma tão dolorosa?         





A melhor roupa

Quarta                                         



Como vimos, o próprio filho teve que tomar a decisão de retornar. Não houve coação da parte do pai. Deus não força ninguém a obedecer. Se Ele não forçou Satanás a obedecer no Céu, nem Adão e Eva a obedecer no Éden, por que o faria então, muito tempo depois que as consequências da desobediência causaram estragos sobre a humanidade?

12  Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.
13  Porque até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há lei.
14  Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir.
15  Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos.
16  O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um pecou; porque o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a graça transcorre de muitas ofensas, para a justificação.
17  Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.
18  Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida.
19  Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos.
20  Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça,
21  a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor.  Rm 5:12-21

5. Como o pai reagiu à confissão do filho? Quanta penitência, quantas obras e quantas ações de restituição foram exigidas dele antes que o pai o aceitasse? Qual é a mensagem para nós? 

20  E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou.
21  E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.
22  O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés;
23  trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos,
24  porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se. Lc 15:20-24;

17  Há esperança para o teu futuro, diz o SENHOR, porque teus filhos voltarão para os seus territórios.
18 Bem ouvi que Efraim se queixava, dizendo: Castigaste-me, e fui castigado como novilho ainda não domado; converte-me, e serei convertido, porque tu és o SENHOR, meu Deus.
19  Na verdade, depois que me converti, arrependi-me; depois que fui instruído, bati no peito; fiquei envergonhado, confuso, porque levei o opróbrio da minha mocidade.
20  Não é Efraim meu precioso filho, filho das minhas delícias? Pois tantas vezes quantas falo contra ele, tantas vezes ternamente me lembro dele; comove-se por ele o meu coração, deveras me compadecerei dele, diz o SENHOR. Jr 31:17-20

O filho confessou ao pai, mas, lendo o texto, você pode ter a impressão de que o pai quase não ouviu. Perceba a ordem: o pai correu ao encontro do filho, lançou-se sobre ele e o beijou. Claro, a confissão foi bonita, e provavelmente fez mais bem ao filho do que ao pai, mas naquele momento as ações do filho falavam mais alto que suas palavras.

O pai, também, ordenou aos empregados que trouxessem “
a melhor roupa” e a colocassem sobre o filho. A palavra grega traduzida como “melhor”, nesse texto, vem de protos, que significa muitas vezes “primeiro” ou “principal”. O pai estava lhe dando o melhor que tinha para oferecer.

Pense também no contexto: o filho tinha vivido na pobreza não se sabe por quanto tempo. Provavelmente ele não tenha ido para casa vestido com as melhores roupas (para não dizer outra coisa!). Afinal, ele havia alimentado porcos até então. O contraste, sem dúvida, entre o que ele estava usando quando foi abraçado pelo pai (note, também, que o pai não esperou até que ele estivesse limpo para abraçá-lo) e o manto que foi colocado sobre ele não poderia ter sido mais completo.

O que isso mostra, entre outras coisas, é que a restauração, pelo menos entre o pai e o filho, naquele momento foi completa. Se vermos “
a melhor roupa” como o manto da justiça de Cristo, então tudo que era necessário foi provido naquele momento e naquele local. O filho pródigo se arrependeu, confessou, e se converteu de seus caminhos. O pai supriu o restante. Se isso não é um símbolo da salvação, o que seria?

O que é fascinante ali, também, é que da parte do pai, não houve censura do tipo “eu avisei”. Não havia necessidade disso, não é mesmo? O pecado recebe seu próprio salário. Ao lidar com pessoas que voltam ao Senhor, depois de terem se afastado, como podemos aprender a não lançar seus pecados diante deles? 





As roupas do pai

Quarta                                           



Ellen G. White, em Parábolas de Jesus, páginas 203, 204, acrescenta à história um detalhe interessante, que não é encontrado no próprio texto. Descrevendo a cena do pai se aproximando do filho enquanto ele humildemente voltava para casa, ela escreveu: “O pai não permitiu que olhos desdenhosos zombassem da miséria e vestes esfarrapadas do filho. Tomou de seus próprios ombros o manto amplo e valioso, e envolveu o corpo combalido do filho. O jovem soluçou seu arrependimento, dizendo: Pai, pequei contra o Céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho” (Lc 15:21). O pai tomou-o consigo e o levou para casa. Não lhe foi dada a oportunidade de pedir a posição do trabalhador. Era um filho que devia ser honrado com o melhor que a casa podia oferecer, e ser servido e respeitado pelos criados e criadas.

Mas o pai disse aos seus servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um anel em seu dedo e calçados em seus pés. Tragam o novilho gordo e matem-no. Vamos fazer uma festa e comemorar. Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado’. E começaram a festejar” (Lc 15:22-24, NVI).

6. Que ideias essa referência nos dá sobre a história como um todo e sobre o caráter de Deus?

O desejo do pai era cobrir imediatamente a vergonha dos erros do filho. Que mensagem para nós, sobre esquecer o passado, e não ficar pensando nos erros cometidos, tanto os nossos quanto os dos outros! Alguns dos piores pecados não são conhecidos agora, mas um dia serão (1Co 4:5 - Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de Deus). Como Paulo, precisamos esquecer o passado e avançar para o que está diante de nós (Fp 3:13, 14 - Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus).

7. Qual era o sentido das palavras do pai, ao dizer que seu filho estava morto e reviveu? Como essas palavras, tão fortes, devem ser compreendidas? 

porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se. Lc 15:24

No fim, não há meio-termo nas questões definitivas da salvação. Quando tudo finalmente acabar (Ap 21:5 - E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras), e o grande conflito terminar, cada ser humano receberá vida eterna ou morte. Não há outra opção.

Certamente precisamos pensar em nossas escolhas diárias, tanto boas quanto más, como fez o filho pródigo.

Quarta                                          Estudo adicional


Leia de Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 198-211: “A Reabilitação do Homem” e p. 260: “Como é Decidido Nosso Destino”; O Desejado de Todas as Nações, p. 495, 496: “A Última Jornada da Galileia”; Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 100-104: “Parábolas dos Perdidos”.

Note quão terno e piedoso é o Senhor em Seu trato com Suas criaturas. Ele ama o filho perdido, e suplica-lhe que volte. O braço do Pai enlaça o filho arrependido; Suas vestes cobrem-lhe os andrajos; o anel é colocado no dedo, como símbolo de sua realeza. E todavia, quantos há que olham para o pródigo, não somente com indiferença, mas desdenhosamente! Como o fariseu, dizem: ‘Deus, graças Te dou porque não sou como os demais homens’ (Lc 18:11). Como, porém, podemos pensar que Deus olhará os que, embora pretendem ser coobreiros de Cristo, enquanto uma pessoa está lutando contra a enchente da tentação, ficam à parte, como o irmão mais velho da parábola, obstinados, caprichosos e egoístas?” (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, p. 140).

Força e graça foram providas por meio de Cristo, sendo levadas pelos anjos ministradores a toda pessoa crente. Ninguém é tão pecaminoso que não possa encontrar força, pureza e justiça em Jesus, que por ele morreu. (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 53).

Perguntas para reflexão
1. Que esperança podemos levar aos que querem deixar o passado para trás e não conseguem, por causa dos resultados presentes de escolhas do passado?
2. O que dizer dos que “saíram da casa de seu Pai”, por assim dizer, e as coisas estão indo muito bem para eles? Sejamos honestos: nem todos os que deixam o Senhor terminam cuidando de porcos. Alguns acabam sendo proprietários das fazendas de porcos! O que podemos fazer para ajudá-los a entender que, apesar das condições, eles fizeram uma escolha fatal?





As roupas novas do filho pródigo (resumo ao estudo nº 10)




11 Continuou: Certo homem tinha dois filhos;
12  o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres.
13  Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente.
14  Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade.
15  Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos.
16  Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada.
17  Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome!
18 Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti;
19  já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores.
20  E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou.
21  E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.
22  O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés;
23  trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos,
24  porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se.
25  Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças.
26  Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo.
27  E ele informou: Veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde.
28  Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo.
29  Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos;
30  vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado.
31  Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu.  Lucas 15:11-31

Conhecer: (1) A resposta do pai ao pedido do filho pródigo para sair de casa, e (2) sua atitude à volta do rapaz, em comparação com a do filho mais velho.
Sentir: A compaixão que o Pai mostra quando o pecador retorna, permitindo-lhe que abra os mananciais de seu próprio coração.
Fazer: Amar a si mesmo e aos outros com o perdão e compaixão que nos foram dados por Deus.

Esboço

I. Pai perdoador
A. Como o pai respondeu ao pedido do filho de tomar metade da sua riqueza e sair de casa?
B. Qual foi a atitude do pai para com o filho enquanto ele esteve longe?
C. Como o pai reagiu à volta do filho? Como o irmão reagiu?

II. Coração aberto
A. Deus recebe de braços abertos os pecadores arrependidos. Como essa resposta afeta nossas atitudes em relação a nós mesmos e a outras pessoas que caíram?

III. Amar com o amor de Deus
A. Que devemos fazer a fim de oferecer aos outros amor e compaixão, em lugar da fria recepção do irmão mais velho?
B. Quem é a pessoa em nossa família ou igreja que precisa de um ambiente aconchegante, acolhedor e amigo, e como podemos ser esses amigos?

Resumo:
O pai deu ao filho a liberdade de sair de casa, mas manteve uma constante atenção para sua volta. O pai encobriu as vestes sujas e maltrapilhas do filho com os próprios trajes ricos e se alegrou com ele como alguém que tinha estado morto, mas vivia.

Motivação
A parábola do filho pródigo ilustra a compreensão da atitude misericordiosa de Deus para com Seus filhos perdidos. Deus não apenas aceita ansiosamente de volta para Si os pecadores arrependidos, mas também os aguarda, vai ao seu encontro enquanto eles ainda estão longe de casa e os  “veste” com Seu perdão e amor.

A parábola do filho pródigo é a terceira em Lucas 15. Jesus usou essas três parábolas para ilustrar os três tipos diferentes de “perdidos”. Na parábola da ovelha perdida, aquela que se perde é incapaz de voltar ao redil sem ajuda. Na parábola da moeda perdida, a que está perdida não tem noção da busca frenética. Está perdida e não tem conhecimento de seu estado. Na parábola do filho pródigo, porém, aquele que está perdido não só sabe que está perdido, mas também sabe como voltar para casa.

Atividade de abertura: 
Use uma pequena caixa de papelão para representar um chiqueiro, ou faça uma com palitos de sorvete. Recorte várias formas de porcos em papel rosa para simbolizar os suínos.

Peça que os alunos deem sugestões quanto a diversos pecados que levaram o filho pródigo ao chiqueiro. Escreva cada pecado em um porco e coloque-o no chiqueiro. Alguns dos pecados podem incluir ganância, egoísmo, rebelião, desperdício, negligência e estupidez. Não importa quantas “pecados” você ponha no chiqueiro, mas quanto mais, melhor.

Discussão: 
Pense no que está em seu chiqueiro. Assim como o pai dessa parábola perdoou todos os pecados que levaram o filho ao chiqueiro, também nosso Pai nos perdoa quando voltamos a Ele.

Compreensão
Porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado” (Lc 15:24).

Se for para ler apenas casualmente a parábola do filho pródigo, sem tempo para digeri-la, a história é breve e simples. O filho era privilegiado, vivia do dinheiro do pai, tornou-se a personificação do ditado “um tolo e seu dinheiro logo se separam”. Ele ficou pobre, e só depois que o alimento que os porcos comiam se tornou atraente foi que ele caiu em si e retornou para casa.

Nessa história muito simples são encontrados profundos conceitos para a compreensão da graça e do perdão maravilhoso que se estendem a nós por nosso amoroso Deus.

Comentário Bíblico


A parábola do filho pródigo pode ser dividida em quatro fases principais, que correspondem à viagem de volta dos cristãos a Deus:

I. A perda do filho pródigo

(Recapitule com a classe Lc 15:11-32.)

Na verdade, a perda é mútua. Deus perdeu um filho. (João 3:16 -
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna) o Pai ama tanto Seus filhos que essa perda é insuportável, e assim, Jesus foi enviado para morrer em nosso lugar.

O filho perdeu o pai. O pecado nos separa de Deus. Isaías diz assim: “
Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus” (Is 59:2,). Na parábola do filho pródigo, o filho se perdeu por vontade própria. A vontade própria faz com que hoje desperdicemos a vida nas coisas deste mundo, centrando-nos no que é material em detrimento do que é espiritual.

Pense nisto: 
Qual é a diferença entre o “verdadeiro” item perdido nesta parábola e o item perdido na parábola da ovelha perdida (Lc 15:4-7) e da moeda perdida (Lc 15:8-10)?

4  Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?
5  Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo.
6  E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida.
7  Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. (Lc 15:4-7)

8  Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la?
9  E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido.
10  Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.  Lc 15:8-10

II. Colher as consequências do pecado

Financiado pelo dinheiro de seu pai, o filho pródigo caiu no prazer e “pulou de cabeça” numa vida de pecado desmedido, esbanjando toda a herança em uma vida (podemos supor) desregrada, bebidas e prostitutas. Por fim, ele estava colhendo as consequências. As consequências dos pecados do filho foram muitas. Seus pecados lhe custaram não só a estabilidade financeira e uma casa confortável, mas dignidade, respeito próprio, reputação, pureza e boa consciência. “
O que o homem semear, isso também colherá. Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna” (Gl 6:7, 8, NVI).

Observe que, quando o filho entrou em problemas naquele país distante, ele procurou a ajuda de “um dos cidadãos daquela terra” em vez de procurar a ajuda do pai. O “cidadão” não o amava. Explorou-o como mão de obra barata durante uma recessão econômica, oferecendo-lhe o humilhante trabalho manual de um chiqueiro. Talvez o cidadão tenha sido um dos “amigos” que se haviam beneficiado dos gastos perdulários do filho. E quando o dinheiro acabou, talvez o filho esperasse que esse “amigo” se lembrasse de sua generosidade e de todos os bons momentos que o dinheiro havia proporcionado. É muito possível que o cidadão sequer soubesse de quem esse rapaz era filho. Talvez o filho ainda esperasse trocar o conceito do nome de seu pai por uma esmola. Mas havia fome na terra e, de repente, não importava quem ele era – nem quem era seu pai. O filho ficou com uma escolha difícil: comer a lavagem servida a uma manada de porcos ou morrer de fome. E assim, o filho do homem rico, nascido com uma vida de facilidades e privilégios, com empregados para atender a cada uma de suas necessidades da infância, encontrava-se em uma existência miserável, catando restos em um chiqueiro e dormindo com os porcos. Como as coisas na vida podem mudar tão depressa, especialmente quando estamos fazendo o que sabemos ser errado!

III. A jornada para casa

A viagem de volta para casa foi constituída de várias etapas preliminares. No entanto, antes que o filho pródigo pudesse dar até mesmo esses passos, foi necessário um catalisador. Algo precisou despertar o filho antes que ele decidisse voltar para casa. A Bíblia diz que ele caiu em si, outra maneira de dizer que ele chegou ao fundo do poço. Ou, no seu caso, o fundo imundo de um chiqueiro.

Nesse marco zero emocional, ele (1) olhou honestamente a si mesmo, fazendo um balanço das diferenças entre sua vida atual e a vida na casa de seu pai. Como podemos realmente ir a um lugar melhor se nem somos capazes de olhar a nós mesmos com honestidade e ver quem realmente somos?

Ele (2) admitiu que havia cometido um grande erro, um pecado contra Deus e contra seu pai. Muito frequentemente, não percebemos um erro a menos que as consequências estejam à frente de nossa vida.

Ele (3) percebeu como era indigno, e isso o ajudou a perceber quanto precisava do pai. Da mesma forma, devemos compreender nossa necessidade do Pai celestial.

Finalmente, ele (4) agiu. Pensar na situação e ter brilhantes revelações de Deus não foi suficiente. Isso não leva a lugar nenhum se não houver ação. Você tem que começar a sair do chiqueiro. O filho se levantou e começou a viagem de volta para casa.

Inicialmente, pode-se argumentar que seus motivos para ir para casa eram puramente materialistas. Ele estava pensando no que poderia obter. Afinal, ele afirmava que mesmo os criados na casa de seu pai comiam melhor do que ele. Mas uma coisa gradual e dramática, teve lugar no caminho para casa. Mudaram os motivos que o puseram a caminho de casa. Até o momento em que chegou a casa, ele não se considerava herdeiro, mas servo. Na verdade, ele nem sequer se sentia digno de ser chamado filho de seu pai. Como aconteceu ao pródigo, assim acontece conosco. Nossas razões e motivos para ir a Deus mudam, tornando-se altruístas, quando nos aproximamos dEle em nossa jornada para casa.

Pense nisto: 
Por que é necessário e fundamental dar os passos preliminares para voltar ao Pai? O que a mudança de atitude do filho pródigo a respeito de si mesmo e dos motivos para voltar nos indica sobre a importância da humildade em ir ao Pai? Por que nossas atitudes e autoconceitos mudam à medida que caminhamos para o Pai? O que existe na jornada em Sua direção que tem o poder de nos transformar?

IV. Reencontro com o Pai

Enquanto o filho ainda estava longe, à distância, o pai o viu. Ele não esperou que o filho fizesse todo o caminho até a casa. O pai saiu correndo em direção ao filho.

As ações do pai nesta história são uma bela imagem de como Deus nos acolhe de volta ao redil. Deus não espera que andemos todo o caminho, Ele vem ao nosso encontro como somos, onde estamos. Nosso passado é totalmente limpo. Deus não nos põe em liberdade condicional quando vamos a Ele com coração contrito, tristes por nossos pecados. A restauração é imediata. Deus nos restaura instantaneamente ao lugar de Seus filhos. Não há nenhuma pergunta, não há culpa, não há nenhum “bem que eu avisei!”

Pense nisto: Como você se sente quando perde algo valioso e, em seguida, o encontra novamente? Como essa pode ser uma pequena parte daquilo que Deus sente quando volta para casa um filho que estava perdido? Como isso deve nos inspirar a voltar a Ele quando caímos?

Aplicação
Embora a parábola do filho pródigo trate principalmente do filho mais novo, o filho mais velho desempenha um papel importante. Ele sempre havia sido obediente e submisso, e nunca havia desrespeitado publicamente o pai. No entanto, ele ficou furioso quando o irmão mais novo foi recebido como herói.

Perguntas para reflexão e aplicação:
1. A parábola do filho pródigo também ilustra que nem todos ficam felizes ao ver o filho pródigo se arrependendo e voltando para casa. Que podemos fazer para ter para com os pecadores a mesma atitude que o pai tinha em relação ao filho?
2. No fim da história, quem é o filho que parece perdido? Por quê?
3. Como podemos ter mais cuidado em não julgar os outros quando retornam para Deus?

Criatividade         
Há muitas lições valiosas a ser aprendidas nesta parábola:
• Deus procura e recebe os pecadores.
• Somos responsáveis pelas nossas escolhas erradas.
• Um pecador pode chegar a Deus, se assim o desejar.
• A separação de Deus traz sofrimento.
• Sem Deus, a vida é ,desperdiçada.
• Devemos ser humildes em espírito para voltar a Deus.
• Até mesmo uma “boa” família pode ter filhos que se desviam.
• Decisões tolas enquanto somos jovens podem trazer dores e problemas.
• Há muitos “chiqueiros” nesta vida que precisamos evitar.

Atividade:
Voltando à atividade de abertura, desafie os membros de sua classe a fazer um balanço do que seria escrito sobre seus “porcos no chiqueiro”, se esse fosse o seu próprio porco, e não o do filho pródigo.







As roupas novas do filho pródigo (comentário ao estudo nº 10)




Nesta semana estudamos a parábola que tem sido chamada de “o evangelho nos evangelhos”, em virtude da tamanha clareza com que o amor de Deus é pintado neste trecho da Bíblia. O relato tem inspirado a produção de sermões, cantatas, desenhos animados, livros e filmes. Mais do que isso, tem intrigado as mentes mais exigentes e tocado os corações mais resistentes.

Até mesmo parábolas contemporâneas foram elaboradas tendo como base a lição principal do relato de Lucas 15 (vou terminar esse comentário com uma história que ilustra isso). Dessa maneira, por mais que você tenha lido ou escutado essa história incontáveis vezes, ela não se esgota, a ponto de mais uma vez um novo aspecto do texto saltar diante dos seus olhos.

Introdução

A introdução da lição toca a necessidade de se experimentar a graça de Deus. Esse é um ponto importante para os adventistas do sétimo dia. Historicamente, nosso movimento teve dificuldades de relacionar a graça com a lei. A Assembleia da Associação Geral de 1888, em Minneapólis (EUA), é uma prova disso. Nessa época, Ellen G. White destacou: “
como um povo, pregamos a lei até nos tornarmos tão áridos como os montes de Gilboa que não tinham nem orvalho nem chuva” (Review and Herald, 11 de março de 1890). Essa data é tida como uma das mais importantes da história da denominação e George R. Knight chega a afirmar que nessa ocasião a Igreja Adventista foi “rebatizada”1.

É verdade que boa parte dos pioneiros tinha uma visão equilibrada sobre a lei e a graça, especialmente Ellen G. White2, mas o “ranço do legalismo” sempre existiu. Assim, penso que nossa fama de legalistas não é só responsabilidade dos nossos irmãos evangélicos – que acreditam equivocadamente que colocamos a guarda do sábado em substituição à fé em Cristo – mas é uma herança histórica, com a qual devemos nos policiar.3

De modo prático, a lição de sábado é uma advertência àqueles que vivem um cristianismo nominal ou meramente intelectual. Em tempos em que as instituições e a mensagem cristã enfrentam muito descrédito, principalmente por causa dos cristãos e de suas igrejas, a fé deve ser testemunhada mais por atos do que por palavras. Entendo que a humanidade não está resistente ao evangelho; está resistente à propaganda enganosa das religiões institucionalizadas que, por meio de suas estratégias proselitistas, oferecem o mais fantástico dos produtos, o cristianismo, mas não o entregam, porque deixaram de experimentá-lo.

Portanto, o clamor de nosso tempo é testemunhar o cristianismo autêntico, aquele que muda valores, prioridades e comportamentos; aquele que não aliena culturalmente seus fiéis, mas os torna mais social e ecologicamente responsáveis; aquele que transforma igrejas, de clubes sociais fechados em comunidades inclusivas e relevantes para seu contexto; aquele que inspira os fiéis a uma adoração contagiante e transformadora e que resgata nas famílias e congregações a intimidade e beleza dos relacionamentos.

O risco da liberdade 4

Escolhi fazer um comentário panorâmico, que contemplasse os principais pontos da lição, em vez de me deter à divisão do assunto adotada pelos autores. O estudo desta semana aborda primeiramente a questão do risco da liberdade. Não sou pai, mas a partir de comparações, vou tentar ilustrar esse princípio.

Depois de um tempo de graduado, parei para somar quanto minhas duas faculdades com pensionato haviam custado (sem levar em conta livros, estágios, viagens e outros). Levei um susto! Essa brincadeira deu em torno de 70 mil reais. Foram seis anos de investimento da minha família, nove férias dedicadas à colportagem e alguns anos como aluno-bolsita no colégio interno. Se nessa fase da minha vida eu já estava assumindo a independência financeira, imaginei o quanto eu tinha custado para meus pais até a maioridade. Acho que eles nunca pensaram nisso e penso que poucos pais, antes de ter seus filhos, colocam na ponta do lápis tudo que irão gastar com eles pelo resto da vida. Se o fazem, penso que isso não é um fator impeditivo para que realizem o sonho de ter filhos.

Com Deus, ocorre de maneira semelhante. Ao criar os anjos, seres que habitam os outros rincões do Universo e a humanidade, Ele não pôs na balança o risco da liberdade. Não porque fosse ingênuo ou não soubesse o futuro, mas por que criar faz parte de Sua natureza, e criar seres livres. Ao que parece, o pai da parábola deu a melhor educação possível aos filhos, porém, ambos se perderam: um dentro de casa e o outro fora. As reações foram diferentes, porque os filhos eram diferentes (como são diferentes todos os integrantes de uma família), mas ambos não usaram prudentemente a educação amorosa e coerente que receberam do mesmo pai.

No seu livro Decepcionados com Deus, o consagrado autor Philip Yancey, ilustra essa vulnerabilidade de quem ama5. Quando Yancey trata da encarnação de Jesus, na noite de Natal, ele diz que a divindade deu tremenda demonstração de amor naquela manjedoura em Belém. Cristo, Aquele que era eterno (Jo 1:1-3), que havia criado tudo, Se tornou uma frágil criança (Jo 1:14). O Senhor do Universo passou a depender de pais humanos para aquecê-Lo, alimentá-Lo, limpá-Lo e ensinar-Lhe as primeiras palavras e os primeiros passos. Em Belém, o Todo-poderoso Se fez frágil para salvar. Portanto, na parábola fica claro que Deus não Se vale de outros recursos além da liberdade e do amor. A liberdade pode ter um alto preço, mas é a única opção para um Deus justo e amoroso.

As intenções

Numa leitura superficial, por mais insensível que fosse o pedido do filho mais novo, a petição dele pelo menos parecia “justa”: o garoto estava pedindo algo que era dele, a metade da fazenda (v. 12). Porém, o verso seguinte já mostra as intenções rebeldes e imaturas do filho. Ele não tinha falado para o pai como usaria o dinheiro, mas assim que pôs a mão na grana, ajuntou tudo e foi para a cidade grande. Ele pegou todos os seus pertences e foi para longe. Isso mostra que ele não mais queria vínculos com o pai; queria distância. O verso 13 diz que ele desperdiçou seus bens, porque viveu dissolutamente. As duas expressões em destaque na frase anterior mostram que ele tinha rompido com seu passado, pensou apenas no presente e não fez provisões para seu futuro. Ele esbanjou seu dinheiro, tempo, força, valores e pureza: um retrato em cores vivas de nossa condição de afastamento de Deus.

Não demorou muito para que o filho ingrato se deparasse com duas desgraças. A primeira foi ficar sem nenhum tostão furado. Isso teria sido perfeitamente evitável, se ele tivesse economizado. A segunda desgraça foi a fome que assolou aquela terra e, com esse contratempo talvez ninguém contasse: foi inevitável. Diante dessa situação só lhe restou cuidar de porcos e, conforme o texto sugere, comer com eles. Para os ouvintes judeus, a mensagem era muito clara: ele havia chegado ao fundo do poço. Nada poderia ser mais repugnante do que isso. Nesse momento da parábola, a degradação era completa. O garoto estava na miséria, fisicamente debilitado, humilhado, com a autoestima e moral atrofiadas. Se o filho queria ficar distante do pai e não se parecer em nada com o garoto que foi criado no lar rico e aconchegante, ele conseguiu.

A verdadeira conversão

Na sarjeta, ele decidiu voltar para casa. À primeira vista, pode parecer que ele retornou apenas por necessidade: estava com fome. Bom, pensar assim é bem razoável, já que era optar entre voltar e viver, ou morrer por ali. Afinal, o filho se lembrou de que até os servos de seu pai viviam melhor do que ele. No entanto, foi mais do que uma necessidade física que o conduziu para os braços do pai. Quando o filho teve a oportunidade de dirigir as primeiras palavras ao velho fazendeiro, confessou que havia pecado contra ele e contra Deus (v. 21). Seu arrependimento não era pelas consequências, mas por algo mais profundo: pelo que tinha feito. As consequências o levaram a refletir sobre a intenção de suas ações; o relacionamento com o pai se havia rompido.

A partir dessa nova visão, o filho se sentiu indigno e disposto a aceitar qualquer condição para ser reintegrado. Entendeu que qualquer reação negativa do pai seria mais do que razoável. Essa é a marca do verdadeiro arrependimento: tristeza pelo que fez e não por ter sido pego. É como o mentiroso que se arrepende independentemente de ter sido desmascarado; como o ladrão que põe a mão na consciência independentemente de ser preso; ou como o promíscuo que abandona seu estilo de vida independentemente de ter se contaminado com uma doença venérea.

O filho reconheceu sua loucura e foi impelido a voltar por causa do amor do pai. Ao contrário da ovelha (Lc 15:3-7) e da dracma (Lc 15:8-10), o filho teve a consciência de que estava perdido. Ele é um símbolo daqueles que voluntariamente se afastam do Pai mesmo depois de terem experimentado Seu amor.

Que mudança de visão! No mais claro sentido, o filho mais novo passou por uma conversão, uma mudança de rumo. O mesmo pai que no passado lhe parecera autoritário e injusto, agora lhe parecia o ser mais amoroso do Universo. Pelo caminho da dor, o filho aprendeu as duas percepções possíveis sobre a lei de Deus: para os rebeldes, ela parece limitadora; mas para os obedientes, ela é protetora. Ao se iludir com a “liberdade”, o filho viu que poderia tê-la apenas onde pudesse também encontrar proteção: na casa do pai.

A reação do pai é espetacular, um ícone da postura de Deus em relação ao pecador. Diz a Bíblia que o pai enxergou o filho de longe. O tempo poderia ter passado, as roupas estavam gastas e o rosto sujo, mas esse pai não se havia esquecido do jeito de andar nem da fisionomia de seu filho. Antes que o rapaz terminasse de se explicar, o pai o abraçou. O que havia de melhor no pai se encontrou com o que havia de pior no filho: perfume x fedor; limpeza x sujeira; riqueza x sujeira; e dignidade x humilhação. O pai trocou as roupas do filho, deu-lhe um anel e sapatos, símbolos de que era um homem livre, não um escravo. Ele fez questão de não expor o filho, cobriu sua imundície, seu passado. As novas roupas deram ao filho um novo status; ele estava novamente identificado com o pai. A alegria do pai foi contagiante. Ele organizou uma festa. Mandou matar um novilho cevado, animal reservado para uma ocasião especial. O filho que estava morto reviveu!

O filho mais velho

Talvez tão trágica quanto a rebeldia inicial do filho mais novo, foi a reação final do filho mais velho. Quando ele voltou do trabalho e viu que a festa era para o irmão que havia desperdiçado tudo, ficou indignado (v. 28). Nem sequer entrou em casa. A alegria do filho mais velho não foi a mesma do pai. Ele nem considerou mais o pródigo como seu irmão: “
este teu filho” (v. 30). O amor do pai para com o filho que desperdiçou tudo no vício e com as prostitutas foi um insulto para ele. Sua linha de raciocínio parece justa: ele havia renunciado o prazer, trabalhara duro e nunca fora reconhecido. O pai nunca tinha matado um bezerro para comer com ele e seus amigos. Numa frase-chave, porém, o filho mais velho denunciou sua motivação: “todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens” (v. 29, NVI).

O filho mais velho não havia entendido o que era ser filho. Ele se havia comportado como um jornaleiro, um servo. O pai carinhosamente explicou que ele, assim como o pródigo, não precisava comprar seu direito de filho; ele já era filho: “
tudo o que tenho é seu” (v. 31). A justiça própria leva o homem a distorcer o caráter de Deus e a criticar o próximo. O mais velho se sentia digno. Pensava que ele, sim, merecia a herança, em lugar do mais novo. Que tragédia! Os dois filhos estavam perdidos!

A parábola termina falando sobre o destino, a salvação do filho mais novo, mas deixa uma incógnita em relação ao filho mais velho. Jesus não disse como os filhos se comportaram depois. Para entender a lição que Cristo queria ensinar é importante identificar o público para o qual ele contou a história. Nos versos 1 e 2 do capítulo 15, Lucas diz que se aproximaram de Jesus três grupos: publicanos, pecadores e fariseus/escribas. Os publicanos eram os odiados; os pecadores eram os imorais; e os fariseus/escribas eram os críticos. Esses três grupos que atenderam o convite de Cristo para ouvi-Lo (Lc 14:35), tinham lições a aprender com aquela história.

Jesus queria que seu público terminasse o enredo. Cada um de Seus ouvintes precisava se identificar com um dos irmãos e escolher seu destino. Fica fácil perceber o que Cristo quis insinuar: o filho mais novo representava os publicanos (odiados) e os pecadores (imorais); já o filho mais velho simbolizava os fariseus/escribas daquela e de todas as épocas.

Conclusão
No livro Maravilhosa Graça, Philip Yancey conta uma história que serve de parábola contemporânea do filho pródigo. No capítulo 4, intitulado “O pai cego de amor”, ele relata a história da garota do interior que se revoltou contra os pais, fugiu e foi morar nas ruas de Detroit (EUA). Depois de consumir sua vida nas drogas e prostituição, ela não  mais tinha saúde e foi dispensada do seu “serviço”. Um dia, mendigando, ela decidiu ligar para os pais. Mil perguntas lhe vieram à sua mente. A principal foi: eles vão me aceitar de volta? Para sua frustração, quando ligou para casa, ninguém atendeu, mas ela deixou um recado na secretária eletrônica. O recado foi: se os pais ainda a aceitassem, que pendurassem um lençol branco na janela de seu quarto, porque assim que ela passasse de ônibus na frente de sua casa saberia se poderia descer ou não na rodoviária local. Caso não visse nada na janela, seguiria até o destino final daquela linha, em outra cidade.

A viagem de volta foi longa para ela, que não conseguiu pregar os olhos. Um videotape de sua vida passava em sua mente. Ao chegar à cidade natal, passou pelas ruas que lhe foram muito familiares na infância, mas seu coração bateu mais forte mesmo quando dobrou a esquina da rua da casa dos seus pais. Teriam eles deixado o lençol na janela? Para sua surpresa, não havia apenas um lençol na janela, mas vários, inclusive alguns panos espalhados pelo jardim e nas demais janelas. Na rodoviária local, munidos de cartazes e bexigas, vários familiares, além dos pais, a aguardavam. Assim como na parábola contada há dois mil anos, houve festa, porque a filha que estava morta reviveu!

A lição de Lucas 15 é simples, clara, profunda, desafiadora e confortadora. Que ela abençoe você e sua igreja!


1. Knight, George R. Visão Apocalíptica e a Neutralização do Adventismo (CPB: 2010), p. 48.
2. Ver Dorneles, Vanderlei, em “A centralidade de Cristo”, Revista Adventista, novembro de 2010, p. 8-11. Disponível em www.revistaadventista.com.br.
3. Ver Stencel, Renato, em “Minneapólis 120 anos depois”, Revista Adventista, novembro de 2008, p. 8-10. Disponível em www.revistaadventista.com.br.
4. Os comentários deste tópico até a conclusão foram extraídos de Morris, Leon L. Lucas: Introdução e Comentário (Vida Nova: São Paulo, 1983), p. 223-230.
5. Yancey, Philip D. Decepcionados com Deus (Mundo Cristão, São Paulo: 2004), p. 103-136.

Wendel Lima  -  Graduado em Jornalismo e Teologia - Editor da revista Conexão JA