sexta-feira, 9 de março de 2012

Promessa da oração (comentário ao estudo nº 10)




Introdução
A oração é nossa maneira de nos comunicamos com Deus. Deve envolver adoração, louvor, petição, confissão e gratidão.

No hebraico do Antigo Testamento há um rico vocabulário para expressar o sentido da oração. Como a língua hebraica na Bíblia possui um vocabulário limitado, a quantidade de expressões que fazem referência ao sentido da oração reflete sua importância na cultura religiosa do povo.

Atar – tem o sentido principal de “rogar” (Gn 25:21; Êx 8:8ss; Jó 33:26).
Palal e tepilla– oração no sentido mais comum, como mediação e intercessão.
Qara – tem o sentido de “chamar”, “clamar” (Sl 89:26; 119:146; 130:1; 141:1).
Saaq – significa “clamar forte” (Êx 17:4; Sl 107:6, 28).
Zaaq – usado com a intenção de “clamar por ajuda” (Jz 6:6, 7; Lm 3:8).
Sawa – tem o sentido de “clamar de maneira intensa” (Sl 72:12).
Daras – usada frequentemente significando “buscar” (Sl 105:4).
Baqas – também tem o sentido de “buscar” (Sl 27:8; 105:5).
Saal – normalmente traduzida por “pedir” ou “inquirir” (Sl 105:40).
Hanan – significa “implorar” ou “obter graça” (Dt 3:23).
Haka, hil, yahal, qawa, sabar – todas essas expressões têm o sentido de “esperar” (Sl 33:20; 37:7, 9, 34; 119:166).

No Novo Testamento, várias expressões gregas cobrem o sentido da oração (vamos apenas colocar as formas verbais, mas para cada uma existe a forma nominal):

Proseuchomai– é o termo mais comum para “orar”, usada em passagens bem familiares como no “Pai nosso” (Mt 6:5-9).
Euchomai– o verbo raiz do anterior, mas é usado com menos frequência (nenhuma vez nos Evangelhos – Tg 5:15ss).
Aiteo – significa “pedir”, “desejar” (Mt 7:7-11; 21:22; 1Jo 3:22).
Deomai – tem um sentido amplo com a ideia de “implorar”, “trazer um pedido a Deus”. É usado especialmente por Lucas, no seu evangelho e em Atos (Lc 1:13; At 8:22-24).
Eperotao – cobre a ideia de “fazer um pedido” (1Pe 3:21).
Epikaleo, boao, krazo, proskyneo – também são expressões traduzidas por “orar” (Lc 18:7; Rm 8:15, At 24:11).

Oração no Antigo Testamento
A descrição de Gênesis 2-4 é a de que nossos primeiros pais tiveram contato face a face com Deus. O relato bíblico informa que, mesmo depois do pecado, Deus falou a Adão, Eva e Caim. É evidente que Deus tem falado diretamente com seres humanos, e especialmente os profetas, no decorrer da história. Contudo, a primeira vez que aparece a comunicação com Deus mediante a oração é em Gênesis 4:26. Depois do nascimento de Enos, “daí se começou a invocar o nome do Senhor”.

Aqueles que “clamam” o nome do Senhor ou O “invocam” no livro de Gênesis, frequentemente o fazem em conexão com o oferecimento de sacrifícios (12:8; 26:25; 28:20-22). Há orações particulares feitas por Abraão (15:1-4); Isaque (25:21), Hagar (21:16-18) e Jacó (32:9-12). Nessas orações não há nada de primitivo nem mágico, apenas uma relação pessoal daquele que ora com seu Deus.
Um exemplo dessa relação é Enoque, o que mantinha uma relação pessoal e constante com o Senhor (5:22-24).

O livro de Êxodo está repleto de súplicas e orações, pessoais e coletivas. O personagem principal do livro, Moisés, aparece em comunhão com Deus em várias ocasiões. Há momentos em que a comunicação com a divindade é tão intensa que parecem estar conversando, como no chamado de Moisés para liderar o povo (3:1-4:17), e no longo diálogo registrado nos capítulos 33 e 34. Há momentos de intercessão (8:28-32; 32:11-13, 31-34) e de clamor por direção divina (15:25). O pentateuco se encerra com a bênção de Moisés para as tribos de Israel (cap. 33) que é entremeada por louvores a Deus.

Os livros históricos estão repletos de orações e súplicas:

Três incidentes em Josué indicam um vívido ensino sobre a oração (7:6-15; 9:14; 10:12-14).

O livro de Juízes tem início com uma oração e mostra que o povo buscava a Deus em súplicas quando estava sob opressão (1:1; 3:15; 10:10-16). O cântico de Débora e Barak está estruturado como uma oração (cap. 5).

Em Samuel encontramos a oração fervorosa de Ana (1:10ss) e as súplicas intercessoras do profeta Samuel por Israel. Os livros também contêm várias orações de Davi (1Sm 23:2-4; 2Sm 2:1).

Salomão orou por sabedoria (1Rs 3:5-9).

O ministério de Elias e Eliseu foi movido particularmente pela oração (1Rs 17:19-2; 2Rs 4:32-35).

Ezequias ofereceu duas orações de grande significado (2Rs 19:15-19; 20:1-7).

Os livros proféticos possuem oráculos que indicam a vida de oração dos profetas (Am 7:1-6; Jn 2:1-9; Jr 7:16).

Como temos conhecimento, o livro de Salmos é uma coletânea de adoração pública intercalada de orações, súplicas, petições por libertação, ações de graça, louvor, etc. De todos os salmos, destacamos cinco em especial: 17, 86, 90, 102, 142.

A experiência de Jó provê exemplo de uma vida de oração (6:8; 16:20; 38:1-42:6).

No período do Exílio, surge a sinagoga primariamente como um lugar de estudo e de oração. O costume dos judeus era de orar três vezes ao dia (Dn 6:10). O livro de Daniel contém várias orações significativas (2:20-23; 4:34ss; 6:26ss), especialmente a oração intercessora registrada no capítulo 9.

O livro de Esdras revela que o retorno de Judá e a reconstrução do templo ocorreram numa atmosfera de muita oração (7:27; 9:6-15). Neemias começa com uma oração (1:5-11) e continua num contexto de oração intercessora e súplicas (9:5-37).

Se pesquisarmos a literatura apócrifa do período intertestamentário, poderemos concluir que, embora houvesse uma contínua valorização da oração, ocorrem desvios teológicos notáveis, como por exemplo, a oração pelos mortos (2 Macabeus 12:44ss; 15:12-14). Na literatura de Qumran, como atestam os Rolos do Mar Morto, existem muitas orações de gratidão (Hadayot). Com a expansão do helenismo observou-se que a prática pagã de orar afetou o judaísmo do período por terem as súplicas um caráter fatalista, cético e de desespero.

A oração no Novo Testamento
O personagem central dos Evangelhos, Jesus Cristo, é o paradigma da oração na Bíblia. No Sermão da Montanha, Ele Se revela contra qualquer tipo de ostentação religiosa que envolva a prática da oração. Em Mateus 6:5-15, Jesus deixou claro, no modelo ali registrado, que a efetividade da oração não depende do esforço humano, da duração nem da eloquência em que ela é pronunciada. A oração não é um informe nem um relatório a Deus de nossas necessidades, mas uma expressão de confiança nEle, o Pai celestial. As petições pessoais não devem ser apresentadas até que o fundamento da crença teológica seja proferido, indicando e reconhecendo a soberania e a glória de Deus. Essas petições incluem as provisões diárias, perdão dos pecados e proteção contra o mal. A parte final da oração do Senhor (“pois Teu é o reino, o poder e a glória para sempre, amém!”) não está presente na maior parte dos manuscritos antigos de Mateus, sendo, portanto um acréscimo posterior. Por esse motivo, as melhores versões da Bíblia trazem o texto de Mateus 6:13 entre colchetes ou o omitem totalmente. Temos que insistir, no entanto, que essa declaração não é contrária à verdade bíblica sobre Deus.

Em Lucas 11, depois de proferido o “Pai Nosso”, Jesus trouxe a parábola do amigo importuno. No verso 8, sugere que o amigo acabará cedendo por causa da “importunação” do que pede. A expressão grega aqui usada é anaídeia que significa “evitar a vergonha” e não “importunação” ou “persistência”. Assim, nesse texto não existe a ideia de que, se alguém persistir em oração acabará persuadindo a Deus. O texto afirma que Deus responderá a oração, se por nenhum outro motivo, para preservar Sua própria reputação. Deus sempre vindica aqueles que confiam nEle.

Em Seus ensinos, Jesus deixou evidente que não é necessário nenhum intermediário entre o Pai e o discípulo que queira se achegar diretamente a Ele em oração, mas que este se valha do poder que há no nome de Jesus. O que Jesus estava dizendo é que na oração há um envolvimento de toda a divindade, incluindo o Espírito (de acordo com Romanos 8:26 – “porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis”). Portanto, não há nenhuma referência bíblica de que devemos orar a Cristo, mas ao Pai, em nome de Cristo.

Jesus orou em todos os momentos significativos de Sua vida: no batismo (Lc 3:21), na escolha dos 12 discípulos (Lc 6:12), na transfiguração (Lc 9:29), na Sua vigília no Jardim do Getsêmani (Mt 26:36-46), no Seu discurso de despedida (Jo 17) e até na cruz (Lc 23:34). Em todas elas Jesus demonstrou Sua submissão à vontade e planos de Deus. Há orações de gratidão, como em João 6:11. Há orações intercessoras, como em João 17. Jesus não só orou intercedendo pelos Seus, como foi no caso de Pedro (Lc 22:54-62), mas até pelos Seus inimigos à cruz (Lc 23:34).

Os Evangelhos não apenas dizem que Jesus orou intensamente, mas revelam como Ele orava. Algumas vezes, Jesus orou pela manhã, bem cedo (Mc 1:35-38; Lc 4:42). Outras vezes, orou à noite (Lc 6:12). Jesus orou em público e em particular. Normalmente, Ele Se referia a Deus como a expressão carinhosa “paizinho” em aramaico, Abba.

O livro de Atos segue a tradição do evangelho de Lucas e está repleto de orações: no senáculo (1:14), na escolha do sucessor de Judas (1:24ss), nas atividades da igreja que se iniciava (2:42), no templo na hora da oração (3:1). Estevão orou no seu martírio (7:59ss). Pedro e João oraram em Samaria (8:14-17). Os membros da casa de Cornélio eram fervorosos na oração (10:2). Paulo orou muitas vezes, iniciando na estrada de Damasco (9:11).

Quase sem exceção, as cartas paulinas começam e terminam com orações de ação de graças. Além dessas, outras orações diretas e indiretas estão espalhadas pelos escritos de Paulo (Ef 6:18; Fp 1:3-5). Há, pelo menos, quatro longas orações de Paulo que merecem destaque: Efésios 1:15-23; 3:14-21; Colossenses 1:9-14; e 1 Timóteo 2:1-10.

As epístolas gerais e o Apocalipse obviamente não são exceção ao contexto bíblico e estão repletas de orações. O último livro da Bíblia, nos últimos versículos, trazem uma oração e uma bênção (Ap 22:20-21).

Como podemos observar, na Bíblia, a oração é um dos aspectos mais evidentes e um dos temas mais recorrentes. Nela há orações do Gênesis ao Apocalipse!

Uma pequena reflexão teológica quanto à oração
A oração tem por base a revelação da natureza e atributos de Deus. A iniciativa da oração não está na pessoa que ora, mas no próprio Deus. A oração é a resposta a inúmeros convites explícitos e implícitos de um Deus pronto a Se comunicar com Suas criaturas. Responder às orações faz parte do caráter de Deus. Sabemos que o poder efetivo da oração não reside nela em si, mas Naquele a quem as orações são feitas.

O propósito da oração não é apenas trazer o bem para o ser humano que crê na oração, mas trazer glória a Deus. Honrar a Deus sempre traz bênçãos porque Ele sempre deseja o melhor para Suas criaturas e, em especial, para aqueles a quem redime. Na quantidade das orações bíblicas, torna-se evidente que, ao orarmos, nossa prioridade é dar louvores e honra a Deus e que Sua vontade seja estabelecida.

Se orarmos com base na própria vontade de Deus, nossa oração buscará um relacionamento vital com Ele, como um filho que busca o Pai.

Podemos apontar vários aspectos que devem estar presentes na oração que podem até se sobrepor:

Adoração – Salmo 29:2.
Louvor – Salmo 105:2.
Gratidão – Salmo 50:14, 23.
Adoração – Salmo 18:1.
Devoção – 1 Samuel 1:11.
Comunhão – Salmo 94:18ss.
Confissão – Salmo 51.
Petição ou súplica – Salmo 77:1 e 2.
Intercessão – Daniel 9.

Há condições para que uma oração seja atendida? Quando se fala em “condições”, certamente estamos limitando a Deus. A oração não está condicionada ao meu estado de cristão. Deus sempre poderá responder ao clamor de alguém que nem crê nEle. Contudo, existem algumas qualidades que deveriam ser encontradas naqueles que buscam a Deus. São as características dos fiéis, dos justos, porque a oração do justo tem poder (Tg 5:16).

Pureza moral – Salmo 66:18ss.
Sinceridade e motivos corretos – Tiago 4:3.
Estar no “nome de Jesus” – João 16:23ss.
Fé é uma condição frequentemente mencionada e que significa a medida da confiança do ser humano em Deus – Mateus 8:10. O próprio Deus honrou a fé em favor de outros – Mateus 9:2-8.
Relação íntima com Cristo – João 15:7.
Gratidão no coração – Filipenses 4:6.
No Espírito – Efésios 6:18.
Em obediência. A obediência na Bíblia está associada à guarda dos mandamentos de Deus por amor – 1 João 3:22.
Perseverança – Colossenses 4:2.
Na vontade de Deus – 1 João 5:15. De forma geral a vontade de Deus pode ser discernida através do estudo da Bíblia. Por isso, é muito importante que a oração esteja sempre acompanhada da leitura da Bíblia e vice-versa.
Verdadeiro conhecimento de Deus e fidelidade à Sua verdade – Salmo 145:18.
Boa relação espiritual entre esposo e esposa – 1 Pedro 3:7.

Perguntas que merecem consideração
Existem orações na Bíblia que não foram respondidas? Claro que existem! Fiéis em todas as épocas têm sentido que Deus não tem respondido suas orações (Jó 19:7; 30:20; Sl 18:41; Is 40:27; Lm 3:8). No próprio capítulo dos heróis da fé, Hebreus 11, há a sugestão de que aqueles que foram torturados e mortos por sua fidelidade não receberam o que lhes havia sido prometido (vs. 35-40). Um dos casos mais emblemáticos é o “espinho na carne” que Paulo levava. Ele chegou a orar fervorosamente por três vezes (2Co 12:7-9), e a resposta de Deus foi sempre o mesmo não. Paulo compreendeu que Deus sempre responde nossas orações nos provendo graça e que “espinhos” são até necessários na jornada cristã. Poderíamos dizer que as respostas negativas nos impedem de nos exaltarmos (v. 7). As orações não são mágicas. Elas apelam para a sabedoria e amor divinos. Mesmo que uma oração tenha sido proferida de acordo com o ensino bíblico a resposta sempre é dependente da vontade de Deus que sabe o que é melhor para nós. Esse melhor pode ser determinado por um “não” ou por um “espere um pouco”. Quando uma oração não for respondida, o crente deve entender que houve uma resposta superior para aquele pedido que, na maioria das vezes, não foi propriamente expresso. Deus sempre nos responde da melhor maneira.

O que acontece quando oramos pedindo coisas erradas? Podemos concluir pelo texto de Romanos 8:26ss, que o Espírito sempre interpreta nossas orações não pelo fraseado, mas pelas intenções sinceras do coração. Pode ser que a oração esteja diretamente contra a vontade de Deus, feita pelo motivo errado ou em discordância com aquilo que Deus já demostrou ser Sua vontade. Nesses casos, o mais provável é recebermos uma resposta negativa. Temos na Bíblia uma oração emblemática proferida por Ezequias (2Rs 20:1-11; 21:1-9). Deus a respondeu positivamente para permitir que Ezequias compreendesse o egoísmo de seu coração.

Devemos “esperar” uma resposta por um período (que pode ser longo)? Várias passagens bíblicas fazem referência ao esperar em Deus (Sl 25:3; 27:17; 37:7-9; 104:27; Is 40:31). Mesmo que essa espera signifique dependência absoluta em Deus, frequentemente é decorrente de um coração perseverante e paciente que espera a vindicação de Deus ao trazer justiça sobre alguém (Lc 18:1-8). Não poderíamos supor que fosse como uma “birra” na qual o crente não deixaria de orar até que Deus o satisfizesse.

O número máximo de oração sobre um assunto deveria ser três vezes? Temos exemplos que evidenciam que o crente deve “orar sem cessar” (1Ts 5:17). Além de outros significados, essa frase se refere ao crente que tem uma causa especial de oração por anos... Sei de pessoas que oraram pela conversão de um cônjuge por anos. (Ver Êx 14:15; Dt 3:26; Js 7:10; Jr 7:16.).

Existe um “melhor horário” ou uma postura mais correta para a oração? Daniel orava três vezes ao dia, seguindo um ritual (Dn 6:10). A expressão paulina citada acima, de que devemos orar sempre, indica que poderemos estar constantemente em espírito de oração. O Salmo 119:164 fala de “sete vezes”, mas o contexto indica que a oração deve ser frequente. Jesus orou noites inteiras, orou pela manhã e em outros momentos. Não existe um melhor horário, o que existe é a necessidade de buscarmos a Deus em quietude diariamente. O momento mais indicado para isso é quando acordamos, na primeira “hora” de cada dia. Há na Bíblia uma variedade de posturas relacionada à oração. Prostrado ou ajoelhado parece ser a posição mais comum (Ef 3:14), embora haja outras maneiras, tais como em pé, com a cabeça curvada, olhando para o céu, com mãos erguidas, com a cabeça entre as pernas, sentado, etc. (1Sm 1:26; Mt 6:5; Lc 18:11-13; Ap 1:17; 2Sm 7:18; 1Rs 18:42). Como podemos notar, não existe uma posição exclusiva como alguns querem determinar. A oração de adoração na igreja deverá ser ajoelhada, mas em outros momentos e em diferentes situações, o que importa é a reverência e a atitude de comunhão com Deus. Temos que observar que existem outras atitudes de comunhão que não devem ser confundidas com uma oração, por exemplo, uma invocação da presença de Deus e uma bênção.

Se Deus é onisciente, por que devemos orar? A quantidade de vezes que a oração aparece na Bíblia e a insistência de suas recomendações para que oremos é uma indicação clara de que Deus nos convida à oração. Deus não só conhece nossa vida, mas sabe até quando estamos com disposição ou não para orar. O que temos que compreender é que Ele, na Sua soberania, decidiu que nos responderia mediante a oração (Mt 6:7ss). Deus escolheu responder orações! A oração não é um relato informativo de nossas necessidades... É uma expressão de confiança em Deus, como Pai, pronto a atender as necessidades reais de Seus filhos. Quanto mais conhecemos a vontade do Pai, tão mais apropriada será nossa prece (At 4:24-28).

A oração muda a vontade de Deus ou as circunstâncias? Lutero, Calvino e Ellen White se referem frequentemente ao maior dos benefícios da oração: o crente é transformado quando ora. Nós somos mudados! Deus também é impactado pelas orações no sentido de que Ele Se alegra ao perceber o fiel entrando em comunhão com Ele. Que Deus responde as orações intercessoras é evidente na Bíblia (Êx 32:14).

Fará alguma diferença se eu não orar? A resposta bíblica é direta: não recebem porque não pedem (Tg 4:2).

É errado valer-se de repetições nas orações? Jesus advertiu quanto ao uso de “vãs repetições” (Mt 6:7). Essas repetições seriam frases mecanicamente pronunciadas, como se fossem ladainhas ou rezas. Repetições ou indicam falta de confiança em Deus ou expressam impaciência. Contudo, a cada dia é uma nova oportunidade para reconduzirmos nossas necessidades a Deus.

Devo orar por um infiel? Desde que Deus deseja que ninguém se perca ou pereça (1Tm 2:4; 2Pe 3:9), orações pelos descrentes estão de acordo com a vontade de Deus.

Existe alguma coisa “tão pequena” ou sem importância para que não seja objeto de oração? De acordo com Filipenses 4:6, deveríamos orar por tudo que temos em nossa mente e que nos incomoda.

Deveríamos “lutar com Deus” em oração? Bem, temos que nos lembrar de que a experiência de Jacó foi única e foi iniciada por Deus (Gn 32:24-32). Colossenses 4:12 fala sobre o fervor na oração e não em “luta”.

Há um único lugar próprio para a oração? Pelos inúmeros lugares em que as orações bíblicas foram proferidas, podemos dizer que orações podem ser feitas em qualquer lugar e circunstância. Daniel estava na cova dos leões... Deus tem respondido súplicas sinceras feitas por pessoas improváveis em lugares não recomendados aos fiéis. É sugerido, contudo, que tenhamos um lugarzinho próprio em que possamos realizar orações, especialmente aquela da primeira hora. Jesus buscava a natureza para tais orações... Reserve um lugar especial de oração em sua casa.

O que acontece quando me distraio durante a oração e minha mente divaga? Infelizmente, essa experiência pode acontecer conosco. O melhor, nesses casos, é incluir a “distração” como um dos assuntos a falar com Deus.

Existe alguma vantagem na oração coletiva (na igreja)? Mateus 18:19 nos diz que, se há concordância entre duas pessoas ou mais, Deus responderá à oração. Existem muitos outros exemplos de orações corporativas: Atos 1:14; 2:42; 4:24; 12:12. Orações coletivas e momentos de vigília nos trazem mútuo encorajamento e indicam nossa disposição em pertencer à comunidade dos fiéis.

A oração deverá ser sempre audível? Ela poderá ser audível ou inaudível, lembrando que Deus conhece todos os nossos pensamentos. Por outro lado, Satanás nunca terá acesso aos nossos pensamentos. Assim, devemos tomar cuidado quando confessamos a Deus nossos pecados mais íntimos para que só Ele tenha conhecimento. O “orar sem cessar” também significa manter a mente constantemente em atitude de oração.

Por que devo orar pelos outros? Como já ficou estabelecido, não entendemos totalmente a dinâmica da oração intercessora. O que sabemos é que Deus está pronto a responder ao pedido sincero por alguém que está doente ou em necessidade (Tg 4:8-10; 5:13-15). De uma coisa sabemos: quando oramos por alguém, não damos lugar a críticas, fofocas e julgamentos. De nossos lábios poderão sair bênçãos ou maldições, mas de uma oração sincera só sairá expressões de bênçãos (Ver revista Oração, do Pastor Mark Finley).

Nunca se esqueça de que a oração deve vir acompanhada pela leitura da Palavra e vice-versa. A oração é indispensável nestes dias em que nos aproximarmos do fim do grande conflito. “Vem, Senhor Jesus!”

Por providência divina, hoje é o dia da oração em todas as igrejas da Divisão Sul-Americana. O texto dessa lição foi preparado há alguns anos e, “coincidentemente”, caiu em nosso dia especial de oração. Não faça da oração apenas uma teoria a ser discutida em classe. Participe, hoje, do jejum e dos momentos de oração especialmente programados pelo Ministério da Mulher. Ore na igreja, ore com os vizinhos, ore particularmente e receba as bênçãos do Céu.

Crença fundamental nº 11: “... Nesta nova liberdade em Jesus, somos chamados a crescer na semelhança do Seu caráter, comungando com Ele diariamente em oração, alimentando-nos de Sua Palavra, meditando nela e na Sua providência, cantando Seus louvores, nos reunindo nos cultos e participando da missão da igreja...”

Autor deste comentário: Edilson Valiante nasceu em São Paulo. Formou-se em Teologia em 1979. Por mais de 20 anos serviu como professor da Faculdade Adventista de Teologia. Foi distrital, departamental de Educação e JA. Atualmente é o Secretário Ministerial da União Central Brasileira. Casado com a professora Nely Doll Valiante, tem dois filhos: Luciene e Eduardo.



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